D'APRÈS Um Vicente, algures entre LISBOA - LONDRES - XANGAI - BRUXELAS

domingo, março 6

East End

Dilecto(a)s

Numa das minhas explorações da cidade de Londres fui parar a uma zona conhecida como East End. Extremo leste porque há umas dezenas de anos atrás era onde a cidade terminava, para lá da qual eram lindos campos verdes, vaquinhas autóctones e umas vilazecas à distância. Hoje as coisas mudaram, as "conurbações" impuseram-se e é tudo urbe com uns parques pelo meio. A estória é a mesma que a de Massamá, ainda me lembro de quando fui para lá morar se tinha que atravessar um morro e uma extensa zona de pasto até chegar à estação de comboios de Barcarena e apanhar o comboio para o Rossio. Até meados/fins dos anos 80 Massamá era uma terreola pequena, até o Pimenta & Rendeiro darem uma volta à questão... E hoje é o que é: 30 mil habitantes engalfinhados uns nos outros cm muitos carros pelo meio!!

Ora os Pimentas & Rendeiros de cá também fizeram o mesmo tipo de trabalho, menos em altura, menos à pato bravo, mas o mesmo efeito de transformação (semi-rural em excessivamente urbano??). Tradicionalmente o east end era a zona onde moravam os trabalhadores das docas, das indústrias pesadas, e nunca foi zona muito recomendável: zona do PUÔBO! Com o fim dos regimes coloniais começaram também a "pintar no pedaço" hordas de imigrantes vindos de vários pontos do Mundo (no caso de Massamá, principalmente dos PALOP). Num museu desta zona encontrei um poster com a importância relativa das várias nacionalidades que ali habitam:

Image hosted by Photobucket.com

Para além dos ingleses, quem vive no east end em maior número são os Bengalis (do Bangladesh e da Índia), Nigerianos, Paquistaneses, Irlandeses e Árabes. No fundinho também se vê a bandeira de Portugal, pequenos mas sempre presentes!
As fotos que se seguem foram tiradas em ruas no borough de Newham, entre West Ham (a leste do east end) e a fronteira com a City de Londres (a oeste do east end). Mostram um pouco da atmosfera do local e dalguns aspectos característicos das várias culturas.

Image hosted by Photobucket.com

(loja de Kebabs dos turcos)

Image hosted by Photobucket.com

Image hosted by Photobucket.com

(Saris dos Hindus)

Image hosted by Photobucket.com

(Muçulmanas num mercado local a comprar tecidos, só os olhos estão descobertos)

Image hosted by Photobucket.com

(centro comunitário dos sikhs)

Image hosted by Photobucket.com

(os Sikhs, homens sempre de turbante e barba longa)

Image hosted by Photobucket.com

Image hosted by Photobucket.com


Image hosted by Photobucket.com

(nham, nham... comi nesta tasca árabe as melhores chamuças da minha vida!!)


Curti bastante a manhã que passei "imergido" nesta zona. Senti-me ainda mais no estrangeiro do que noutras partes da cidade, mas é giro conhecer zonas menos percorridas e divulgadas.


Uma das questões políticas mais debatidas hoje em dia por cá é o multiculturalismo da sociedade britânica, e os problemas decorrentes da integração (ou falta dela) das minorias. Outro dia deu um documentário bastante interessante no channel 5 acerca do que é ser britânico hoje em dia. O documentarista era um sikh escocês, nascido em Glasgow e com pronúncia de William Wallace que ia perguntando às pessoas na rua se achavam que ele era britânico ou não. A maior parte dizia que não, alguns que voltasse para a terra dele (o pai era paquistanês e a mãe do quénia, onde é que será a terra do tipo??), e ele dizia sempre que torcia sempre pela Escócia no torneio das 6 nações e que se sentia tão brit como os brancos embora usasse turbante e barba. Com muito humor à mistura foi falando com outros britânicos filhos de emigrantes e foi tentando compôr um retrato actual, que com certeza é similar ao da maior parte dos outros países da Europa (incluindo Portugal).

E assim termino por hoje.


Tchau e abraços

NV


PS1: Porto
Nas últimas semanas tivemos um problema de saneamento na minha rua. O cano de esgoto entupiu e podem imaginar o efeito que teve nas casas de banho... E é nestas situações que o espírito de vizinhança se fortalece (unidos venceremos, mesmo as ameaças mais pútridas!). Os nossos vizinhos do lado vieram esta semana bater-nos à porta e convidaram-nos para ir a casa deles conversar um pouco. Ficámos a saber que são um casal porreiro, o marido um geordie de Newcastle e a esposa uma mexicana de la ciudad de méjico. Depois de trocarmos umas ideias sobre o que fazer, perguntaram-me de que país eu era (por mais que queira não me consigo fazer passar por inglês...). Quando eu disse Portugal o meu vizinho Newcastelense disse que se tratava de um país muito importante para ele! Eu olhei para o senhor e disse imediata e precipitadamente "because of the Chelsea coach, right?". Estupidez, devia ter olhado para a mesinha perto do telefone onde estava um galhardete do Manchester United. Furthermore, ele fez-me perceber que o futebol nunca seria razão para ter um sentimento tão forte em relação a um país, e disse uma palavra com quatro letrinhas apenas e os olhos a brilhar: "Port!". Agora percebo o que um produto de qualidade pode fazer pela percepção de um país!! O tipo diz que está sempre atento às secções de vinhos dos supermercados e das lojas da especialidade, e quando vê um vintage de um bom ano compra imediatamente. Afinal os ingleses não é so bjecas, há muitos que também se dedicam a enobrecer a sua adega privada. E não há dúvidas que o vinho do Porto é um dos mais fortes laços de união entre o Reino Unido e Portugal. Temos que ver é se lhe impingimos mais coisas ;-)


PS2: Bombaim
Descobri outro dia num documentários que o nome da cidade indiana de Bombaim foi dado pelos portugueses. O nome vem do português "Boa Baía", como sempre relacionado com questões de navegação. O que eu também não sabia é que os indianos mudaram recentemente o nome da cidade para "Mumbai". E assim se vai lentamente erosionando o legado da cultura portuguesa na Ásia...

2 Comments:

Blogger Sergio Barroso said...

O que eu quero mesmo é um "bomba aí" do Roca, quando formos tratar do pelo aos bifes do Boro. Pelo que ví hoje contra os do Villa, não deve ser dificil. O Parlour está com 45 anos e o Jimmy com 44. Mal se conseguem mexer. Vamos ter de jogar com o Barbosa de inicio para eles conseguirem acompanhar o ritmo. Provavelmente a UEFA não nos deixa jogar com o Liedson. É demasiado rápido. Cá te espero para festejarmos a passagem à próxima eliminatória.

3:24 da manhã

 
Blogger serebelo said...

Muito fixe este teu último post. O Pimenta e Rendeiro continua a fazer das suas. Agora é a Canhola (ainda te lembras) que está engalfinhada entre prédios. Sair daqui é vital... nem que seja para o East, West End. See ya

12:19 da tarde

 

Enviar um comentário

<< Home