D'APRÈS Um Vicente, algures entre LISBOA - LONDRES - XANGAI - BRUXELAS

terça-feira, novembro 23

Portuguese

Olá ilustres,

Conforme prometido neste “post” vou dar-vos conta das minhas investigações sobre os portugueses em Londres. Tenho alguma curiosidade sobre o assunto por várias razões.

Primeiro, é sempre bom saber onde encontrar alguém com quem falar mal do Peseiro, do Santana ou do Joaquim de Almeida. É mesmo essencial do ponto de vista psicológico! E também onde comer um Bolo de Arroz, um Travesseiro ou o belo do Pastel de Nata.

Depois porque o Reino Unido nunca foi um dos destinos preferidos de emigração dos portugueses em comparação com a França (onde, como acontece com boa parte dos portugas, tenho familiares a viver e trabalhar), Alemanha ou Suiça. Segundo a minha interpretação talvez porque, no período de crescimento económico dos anos 60, o Reino Unido se tenha “abastecido” de mão-de-obra vinda das antigas colónias (Índia, Paquistão, Caraíbas, África…) enquanto os outros países “ricos” do centro da Europa, não tendo tanta abundância de “overseas”, captaram malta das zonas mais pobres e periféricas. Outra razão talvez seja o canal da Mancha, não da para passar a fronteira a pé… Enfim, perguntava-me portanto se o tipo de emigrantes portugueses aqui teria características diferentes.

Ao que apurei em conversas por mim iniciadas à Miss Jones way ou à moda de Miss Jones (que, para os que não estão familiarizados com a terminologia técnica, quer dizer com o maior dos à-vontades e como se fosse amigo de longa data, não conhecendo o interlocutor de parte nenhuma mas criando grande empatia), a comunidade portuguesa mais antiga em Londres é de origem madeirense (faz sentido, madeirenses sempre foram muito de emigrar para países anglo-saxónicos como a África do Sul) e só começou a haver um crescimento mais acentuado a partir dos anos 80 com a entrada de Portugal na CEE. Mas o maior crescimento deu-se nos últimos 4 ou 5 anos e o número total ronda actualmente os 500 mil (também faz sentido porque ao contrário de outro países a economia do RU tem crescido, ou tido um boom como se costuma dizer, e aumentado os postos de trabalho). Outra característica que me pareceu existir (embora sem provas…) é que o tipo de emigrantes vem sobretudo das zonas urbanas, Lisboa principalmente mas também Porto, e é tanto de pessoal jovem à procura de empregos pouco qualificados (mas bem pagos) como de pessoas de idade mais avançada (domésticas para as casas dos ingleses, frequentemente internas) – na última viagem para Londres ajudei a carregar uns sacos a uma senhora de 50 anos (?!?) que ia naquele dia emigrar para Norwich para trabalhar em limpezas porque dizia que em Portugal não dava para viver com a competição das empregadas brasileiras e de leste. Padrão interessante de migrações na Europa…

Na foto abaixo estão dois tipos com um ar bem tuga (não enganam ninguém!) que encontrei no meio da rua em Clapham e que estavam a discutir um com o outro. Eu interrompi-os, e na boa da conversa deram-me montes de dicas. Super simpáticos, um de Alhandra e outro de Vila Franca de Xira, ambos há cerca de 14 anos aqui.


Em Londres, concretamente, há várias zonas de concentração lusa. A maior talvez seja na zona sul da cidade, com o comércio concentrado na South Lambeth road e na Stockwell road (nos bairros de Clapham, Stockwell e Brixton). São sobretudo pastelarias e cafés (a maior parte com o símbolo da Delta ou Sical), restaurantes, mercearias, mas também encontrei uma engraçada: Telmo’s electrical devices, com serviços de instalação da TV Cabo! Fui lá na passada sexta e tomei um galão e uma torrada no Café Portugal, onde não ouvi falar outra coisa que não o português. Na TV estava a passar uma novela da tarde na RTP 1. O ar era bem do estilo cafés Chave de Ouro, e as paredes estavam cheias de posters, fotos e camisolas de futebol, uma delas do Benfica assinada pelo Eusébio.












No domingo, em Notting Hill, fui a outra zona um pouco mais pequena onde se localizavam o “Café Porto”, a “Patisserie Lisboa” e o restaurante “Casa Santana”. Este último tinha uns preços excessivos, principalmente olhando para o ambiente dentro do restaurante que era escuro e pouco atractivo. Devo-vos dizer que embora tenha ficado bastante contente de ter encontrado todos estes locais me pareça que nenhum deles tem um ar moderno e trendy. O mais dinâmico parece mesmo ser o das pastelarias (vejam a foto a carrinha de entregas da Pastelaria Lisboa), que estavam cheias de ingleses, mas em geral os nossos compatriotas parecem dirigir o negócio para portugueses e não para todos os londrinos. O representante mais high profile talvez seja a cadeia de restaurantes Nando’s, propriedade de uns portugueses da África do Sul, que ostenta sempre o Galo de Barcelos – estes trabalham bem o Marketing e acho que os outros negócios só tinham a ganhar em melhorar a imagem porque os londrinos são ávidos por estilo e não se importam de gastar carradas de dinheiro tudo o que tenha um ar cool.
Para mais informações de restaurantes portugueses em Londres vejam o website:
(vejam as críticas que é giro de ler os barretes que algumas pessoas apanham...)







Espero escrever mais alguma coisa sobre este tema depois de visitar o núcleo do Sporting. No próximo post volto à carga com as casas inglesas.

Abraços e, como bom lusitano (que não cavalo) emigrante,

Saudade

1 Comments:

Blogger Sara said...

Como é bom viajar e descobrir novos lugares para comer sempre bons restaurantes ricos em belas coisas que eu espero fazer esta semana em restaurantes em santana

5:54 da tarde

 

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