D'APRÈS Um Vicente, algures entre LISBOA - LONDRES - XANGAI - BRUXELAS

sábado, novembro 13

Greenwich, às esquerdas…

Caros,

Belo sítio, a town de Greenwich! Embora ainda pertença à zona sudeste do centro de Londres, já fica a pender um pouco para os arredores. É pequenina, vê-se bem numa tarde e fica juntinho ao Thames (ou Tamisa). Acho que o conceito de town dos ingleses pode corresponder ao nosso de vila, tal como city está para cidade e village para aldeia. Pelo menos é assim que tenho interpretado, se algum de vocês tiver uma ideia mais correcta digam!

Voltando a Greenwich, eu e a Lu fomos lá domingo passado. Deu para perceber que domingo não é um bom dia para viajar de carro pelos arredores de Londres. Um bocadinho de sol e está tudo na rua, a guiar os carros de fim-de-semana (tanto carro desportivo!). Conclusão: levámos duas horas da parte sudoeste à parte sudeste, e nem sequer passámos pelo centro, fomos sempre pela circular externa. Para além disso fui eu a guiar e é sem grande orgulho que digo que quase bati duas vezes. Estes gajos guiam todos ao contrário, haja paciência para brincar com as regras deles! O que mais me trama são as rotundas, malditas! Dá-me sempre vontade de as fazer no sentido contrário aos ponteiros do relógio (anti-clockwise, é como lhe chamam), devo ter alguma coisa contra o andar do tempo…

Mas chegámos, sempre pela esquerda. Uma das coisas que nos fez ter vontade de lá ir foi o mercado. Lemos num guia que é, a par dos mercados de Camden (prometo ir lá em breve Sérgio R., também porque acho que lá se concentra boa parte da comunidade portuguesa que eu quero ir investigar um pouco), de Notting Hill e de Liverpol Street, um dos mais movimentados de Londres. Na verdade era giro mas não muito grande. Bué de pessoal alternativo, a vender as cenas alternativas do costume, mas nada demasiado cativante. Acho que gosto mais de mercados ao ar livre! Este era em recinto fechado.

Os outros pontos principais de interesse de Greenwich, e onde passei o resto da tarde domingueira, são três:
- o navio Cutty Sark (isso mesmo, o do whisky!), que segundo dizem foi à data da sua construção o navio mais rápido dos sete mares, e está agora encostado às boxes em doca seca para turista ver;



- o Museu de História Naval e Marítima (cujo edifício é um dos três únicos de Londres que são Património da Humanidade da UNESCO) dedicado à memória de quando a Grã-Bretanha era o maior potentado marítimo do Mundo. É curiosa a nostalgia do Império que os ingleses ainda têm, o maior em termos territoriais que já existiu na História e “onde o Sol nunca se punha”. Nesse sentimento encontro fortes semelhanças connosco e com a nossa “paixão” pelo período áureo dos Descobrimentos, quando fomos os máióres! É pena é quase ninguém parecer saber disso por aqui. Portuguese??? Is it in European Union?? Oh, Mourinho, Ronaldo, Carvalho!! Acho é que no caso deles a nostalgia do passado é mais profunda, provavelmente porque o Império também era maior… Tinha um professor no Mestrado a quem perguntámos uma vez numa aula “Alunos: Mr. Lionel, what’s the difference between the expressions Britain and Great Britain?”, ao que o Prof. Lionel respondeu: “I’m not really sure but I think the difference is that once we were great!” – acho que espelha bem a mentalidade…Agora escusavam era de apresentar uma mapa do Mundo de 1928 com as colónias representadas, e onde uma delas era Moçambique!!!! Carambas, eu vivi lá uns anitos e da última vez que me lembro falava-se Português! Estive mesmo para lhes fazer uns riscos no mapa! Depois, ao lado, mostram um mapa-mundi com a actual Commonwealth (à qual Moçambique efectivamente pertence) que corresponde exactamente ao mapa de 1928 – deve ter ficado mais barato fazer dois mapas iguais e só mudar o título! Ou talvez apenas para provar o point deles! Mas enfim, o Museu não está mau e a parte dedicada ao Almirante Nelson (que é o nome de um pub muito fixe ao pé de onde vivo e onde outro dia vi um jogo do Chelsea!) e à batalha de Trafalgar (que fica ao pé de S. João da Caparica e está sempre cheia de cacilheiros) está porreira.




- o Observatório Real de Greenwich, que é sem dúvida o ponto mais interessante e que mais me atraiu. O tipo de local faz lembrar o observatório astronómico da Tapada da Ajuda, fica no cimo de uma colina localizada no meio de um parque público e colado à Universidade de Greenwich. O cativante é que é exactamente por lá que passa o meridiano de Greenwich, para os pouco interessados em geo(topo)grafia é o meridiano de longitude zero graus e medida-padrão para o desenho qualquer tipo de mapa. Tem um pequeno museu também e um telescópio. Seguem as fotos abaixo, algumas com efeitos especiais ;)






E mais uma vez, todos os locais a visitar foram à borla. Eu sei que Londres não é uma cidade barata e que há muitos sítios turísticos caros (tipo o cheesy museu de cera da Madame Tussaud), mas a verdade é que há passes diários que dão para todos os transportes, há montes de descontos para museus (tipo pague 10 libras e tenha acesso a 10 museus, para além dos que são grátis) e há as sandes do Greggs! Claro que fala quem tem onde dormir…

E com esta me fico. No regresso a Feltham não fui eu a guiar por isso não houve qualquer problema.

Cenas dos próximos capítulos envolvem os seguintes temas: a procura por emprego e porque é que não é fácil ter ar de Berbere; porque é que raio dá vontade de escrever mais do que o normal quando estamos no estrangeiro; portugueses em Londres; os políticos britânicos e a sua relação com os mercados ao domingo (isto pode interessar ao Paulo Portas!); a TV e os programas sobre redecorar/reconstruir casas (a pedido repetido de Carla L.); “Porque é que os alemães são melhores que nós em tudo!”, dizem os ingleses; FUTEBOL inglês (a pedido insistente de Sérgio B.); BJECAS e GAIJAS (a pedido de uma série de gaijos)!!

Bye-bye

PS: Obrigado pelos comentarios, ate agora a experiencia tem sido muito fixe!! Continuemos...

1 Comments:

Blogger serebelo said...

Admito que não tive ainda curiosidade para ir a Greenwich, ainda para mais sendo o meu tempo por aí, tão limitado. Mas se dizes que existe uma feira por aí...hum, talvez reconsidere.
Penso que a utilidade de teres um blog, deve ser agora mais evidente e posso dizer-te que deste lado é muito fixe acompanhar as tuas vivências londrinas.
Continua e por favor... não conduzas por aí. Esses tipos são loucos e às avessas. E Bruxelas precisa de ti!

10:29 da tarde

 

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