D'APRÈS Um Vicente, algures entre LISBOA - LONDRES - XANGAI - BRUXELAS

domingo, novembro 28

Food Retailers

Olá viva,

Compras... É uma coisa que tenho feito com alguma regularidade ultimamente, principalmente de produtos alimentares. Onde ir, onde encontrar determinado tipo de produtos e a que preços,...?

Não sei se este tema tem algum interesse para vocês, talvez não... Depois digam-me! De qualquer forma pareceu-me interessante escrever alguma coisa sobre locais onde se pode comprar COMIDA.

Isto também se liga em alguma medida com outra coisa sobre a qual me apetecia escrever, que são as MARCAS (o marketing a vir ao de cima...). Não sei se se passa o mesmo com vocês, mas uma das coisas que eu mais estranho quando saio do país natal é o facto de não encontrar as coisas a que estou habituado, nomeadamente os produtos de determinadas marcas comerciais. É por isso que fiquei contente ao ver toldos de cafés em Londres com o símbolo da Delta ou Sical, parece que imediatamente me sinto num ambiente mais familiar. Como diz o Wim Wenders, as marcas/logotipos e determinados produtos fazem tanto parte das "paisagens" de um país como as paisagens naturais propriamente ditas. Desse ponto de vista "ambas" as paisagens britânicas são consideravelmente diferentes das de Lisboa, tanto os "verdes campos" cheios de ovelhinhas (ah, LACOPE, LACOPE...) como os néons! E habituar-me a isso leva o seu tempo, o "território" é-me ainda um pouco estranho (apesar do ano que passei em Newcastle), estou em fase de aprendizagem...

Enfim, fora as considerações filosóficas nota-se uma diferença imediata por aqui em relação a Lisboa quando se vai às compras: é que praticamente não há mercados nem mercearias no bairro onde vivo (as que há em geral pertencem a árabes ou paquistaneses e estão cheias de produtos étnicos que, embora aprecie de vez em quando, não me apetece consumir todos os dias - cus-cus, batata doce, carradas de gengibre, tão a ver...) e quase todos os produtos alimentares são comprados no que chamam por cá de food retailers. É um termo genérico que inclui desde os minimercados até aos hipermercados, mas o traço comum é que praticamente todos pertencem a cadeias/empresas retalhistas que operam a nível nacional. Algumas destas cadeias operam só em Inglaterra, outras em vários países da Europa continental, mas que eu saiba nenhuma em Portugal.

Nos passeios que andei a dar nos últimos dias resolvi começar a tirar fotos deste tipo de lojas (vá lá que até agora ainda ninguém se chateou!) para vos mostrar. Para os que já estiveram por cá não é novidade, para os outros acho que pode ser interessante ;)
As fotos dos food retailers abaixo estão ordenadas começando no mais "pechincheiro" e acabando no mais "exquisite".
O Iceland inclui só supermercados de pequena dimensão cheios de promoções do tipo "pague 2 e leve 5". Porque "terra do gelo"? God knows! Talvez os esquimós possam esclarecer...
O Aldi é tipo Lidl, está entre o supermercado e o hipermercado e a maior parte dos produtos é de marca própria.
Tanto o Iceland como o Aldi estão presentes essencialmente nas high streets, ou ruas comercias do centro das pequenas cidades/towns. O que os diferencia dos restantes descritos mais à frente é o facto de terem preços mais baixos e haver poucos produtos de qualidade. Sei que também há o SPAR e o Netto (havia em Newcastle), mas não vi nenhum recentemente por aqui. O pessoal é demasiado rico em Londres...




O Safeway também se localiza sobretudo no centro das cidades/towns e já tem produtos de maior qualidade e mais diferenciados que os dois anteriores. Este é o supermercado puro e duro e equivale mais ou menos ao nosso Modelo.



O Tesco é neste momento a cadeia nº1 no Reino Unido (as cores vermelho e azul dominam em todo o lado, o Belmiro lá sabia!). É onde tenho ido às compras mais vezes, tem preços acessíveis, produtos de boa qualidade e uma grande diversidade de escolhas. Nos vinhos vê-se bem a diferença com os anteriores. Acho que se destina sobretudo às classes média e média alta, embora tenha 4 modelos diferentes: vai desde os pequenos supermercados nos centro das towns (Tesco Express e Tesco Metro), aos supermercados médios um pouco fora do centro (Tesco normal, tipo Modelo) até aos grandes hipermercados fora das cidades, em geral nas vias rápidas (Tesco Extra, tipo Continente, Carrefour ou Jumbo), e que estão abertos 24 horas por dia. Estes tipos têm dado cabo da concorrência, principalmente de um outro chamado ASDA (que não há aqui nas redondezas, pelo que não tenho fotos...) que só tem lojas do tipo dos hipermercados portugueses (equivalente ao Jumbo, talvez). Para além disso o Tesco está em outros países da Europa, e parece que faz sucesso em Budapeste e Kiev (por estes dias deve ter feito bom negócio...). Por cá não se vê sombra do Carrefour, a maior cadeia a nível europeu - franceses e ingleses não se entendem mesmo...



O Sainsbury's era o nº1 nas preferências dos ingleses, deve ser a cadeia mais antiga. Este ano está a ter prejuízos e está a fazer mudanças de gestão segundo as notícias da BBC. São normalmente supermercados de média a grande dimensão, não localizados no centro das towns, com produtos de qualidade bastante boa (embora não de luxo) e dirigem-se a uma classe com mais poder de compra que os anteriores.



O Marks & Spencer é a versão inglesa do El Corte Inglés (ou vice-versa) e gabam-se de nunca terem gasto um pence de dinheiro em publicidade (confiam exclusivamente no "mouth to mouth"). Normalmente localizam-se no centro das cidades de maior dimensão, são department stores de vários andares em altura e apenas uma parte é dedicada a alimentos, o resto é vestuário, acessórios... (ao contrário das cadeias anteriores que são especializadas em produtos alimentares). A parte alimentar são produtos de elevada qualidade e preço, mas são muito diferenciados. É o tipo de coisas que não se encontra em mais lugar nenhum, mas se se quiser comprar produtos normais é difícil encontrar. Recentemente estão a diversificar e a abrir pequenos supermercados só de produtos alimentares nas high streets.



O Waitrose e o Harrod's são as estrelas! Que quiser comprar Caviar ou uma garrafinha de Don Perignon colheita especial é lá que encontra. Só para ricos, é escusado dizer que os preços são dos mais elevados e o Waitrose (supermercados de dimensão relativamente pequena localizados nas high streets) só se localiza em Londres e nos bairros mais chic (tipo Chelsea, Kensington, Richmond...); o Harrod's é um Marks & Spencer elevado ao cubo e só há um em Knigthsbridge - é o topo da "cadeia ecológica"! A parte alimentar é excelente.





E é isto, acho que está mais ou menos completo e espero que não esteja uma seca de texto! Como vêm o panorama é um pouco diferente do português também porque há mais segmentação e especialização - há um público alvo específico para cada tipo de loja e há uma consciência comercial em relação a isso. Em Portugal os hipermercados são mais generalistas, vendem tudo desde Cd's e comida, a livros e mobiliário - competem em todas as gamas e tipos de produto com os outros.
Se quiserem saber mais alguma coisa sobre o tema terei o maior prazer em "postar" sobre isso! Amanhã mando umas fotos da Tower Bridge.

Au revoirs (tenho que começar a treinar o francês!)

PS1: não tem nada a ver com o tema do post, mas por cá está a começar a falar-se de cobrar uma taxa de 1,5 libras por cada levantamento de dinheiro nas caixas de multibanco da maior parte dos bancos. O argumento é que não é justo os bancos prestarem tão nobre serviço sem contrapartidas... Em Portugal também se passa o mesmo?

sexta-feira, novembro 26

Sporting

Oi pessoal,


Hoje foi o dia do Sporting! Tive o enormíssimo prazer de conhecer o núcleo do Sporting em Londres, também conhecido por SCL (Sporting Clube de Londres). Fica na Elkstone road, coladinha à Golborne road (a do Café Porto e da Pastelaria Lisboa) e localiza-se num complexo de edifícios que pertencem quase todos a uma clínica (acho que só o nº 29 é um restaurante), o que faz todo o sentido porque os jogos do Sporting muito frequentemente causam complicações cardíacas – aguenta coração!!!

Hoje felizmente não foi o caso. Entrei no “restaurant & tapas bar” exactamente na hora em que começou o Dínamo Tbilisi – Sporting e acabei por ver o jogo todo lá, com mais uns portugas de sangue verde, e acompanhado de uma Sagres e de um belo Prego no pão! E que jogo! Logo nos primeiros 10 minutos 1-0, e no fim dos 90 um 4-0. Não costuma ser tão fácil, mas os georgianos também ajudaram - 3 dos 4 golos foram por culpa da defesa deles. Mas o Charlie Martins, o garboso rapaz com nome da capital dos Camarões (país cujo nome foi atribuído pelos Portugueses, daí ele dar-se bem no Sporting) e o magrinho mas letal rapaz do supermercado jogaram bem demais, pelo que o melhor é os tipos continuarem a dedicar-se à produção de chá!

Nas fotos abaixo podem ver o exterior do “templo” bem como o interior.








E agora a última foto um bocadinho alterada para dar mais estilo :)


Fantástico, hum?!

Hoje também fui dar uma volta para os lados de Chelsea, visitei o estádio e dei uns conselhos ao Mourinho que anda um bocado desorientado com tanto sucesso… Escrevo-vos mais sobre esse assunto para a próxima.

Boa sorte para o SR na apresentação do Congresso de Economistas Agrícolas e abraço particular aos habitantes do espaço ZEBRA (barrigadura, como é que vai a Caty?)


Abraço e até breve!

terça-feira, novembro 23

Portuguese

Olá ilustres,

Conforme prometido neste “post” vou dar-vos conta das minhas investigações sobre os portugueses em Londres. Tenho alguma curiosidade sobre o assunto por várias razões.

Primeiro, é sempre bom saber onde encontrar alguém com quem falar mal do Peseiro, do Santana ou do Joaquim de Almeida. É mesmo essencial do ponto de vista psicológico! E também onde comer um Bolo de Arroz, um Travesseiro ou o belo do Pastel de Nata.

Depois porque o Reino Unido nunca foi um dos destinos preferidos de emigração dos portugueses em comparação com a França (onde, como acontece com boa parte dos portugas, tenho familiares a viver e trabalhar), Alemanha ou Suiça. Segundo a minha interpretação talvez porque, no período de crescimento económico dos anos 60, o Reino Unido se tenha “abastecido” de mão-de-obra vinda das antigas colónias (Índia, Paquistão, Caraíbas, África…) enquanto os outros países “ricos” do centro da Europa, não tendo tanta abundância de “overseas”, captaram malta das zonas mais pobres e periféricas. Outra razão talvez seja o canal da Mancha, não da para passar a fronteira a pé… Enfim, perguntava-me portanto se o tipo de emigrantes portugueses aqui teria características diferentes.

Ao que apurei em conversas por mim iniciadas à Miss Jones way ou à moda de Miss Jones (que, para os que não estão familiarizados com a terminologia técnica, quer dizer com o maior dos à-vontades e como se fosse amigo de longa data, não conhecendo o interlocutor de parte nenhuma mas criando grande empatia), a comunidade portuguesa mais antiga em Londres é de origem madeirense (faz sentido, madeirenses sempre foram muito de emigrar para países anglo-saxónicos como a África do Sul) e só começou a haver um crescimento mais acentuado a partir dos anos 80 com a entrada de Portugal na CEE. Mas o maior crescimento deu-se nos últimos 4 ou 5 anos e o número total ronda actualmente os 500 mil (também faz sentido porque ao contrário de outro países a economia do RU tem crescido, ou tido um boom como se costuma dizer, e aumentado os postos de trabalho). Outra característica que me pareceu existir (embora sem provas…) é que o tipo de emigrantes vem sobretudo das zonas urbanas, Lisboa principalmente mas também Porto, e é tanto de pessoal jovem à procura de empregos pouco qualificados (mas bem pagos) como de pessoas de idade mais avançada (domésticas para as casas dos ingleses, frequentemente internas) – na última viagem para Londres ajudei a carregar uns sacos a uma senhora de 50 anos (?!?) que ia naquele dia emigrar para Norwich para trabalhar em limpezas porque dizia que em Portugal não dava para viver com a competição das empregadas brasileiras e de leste. Padrão interessante de migrações na Europa…

Na foto abaixo estão dois tipos com um ar bem tuga (não enganam ninguém!) que encontrei no meio da rua em Clapham e que estavam a discutir um com o outro. Eu interrompi-os, e na boa da conversa deram-me montes de dicas. Super simpáticos, um de Alhandra e outro de Vila Franca de Xira, ambos há cerca de 14 anos aqui.


Em Londres, concretamente, há várias zonas de concentração lusa. A maior talvez seja na zona sul da cidade, com o comércio concentrado na South Lambeth road e na Stockwell road (nos bairros de Clapham, Stockwell e Brixton). São sobretudo pastelarias e cafés (a maior parte com o símbolo da Delta ou Sical), restaurantes, mercearias, mas também encontrei uma engraçada: Telmo’s electrical devices, com serviços de instalação da TV Cabo! Fui lá na passada sexta e tomei um galão e uma torrada no Café Portugal, onde não ouvi falar outra coisa que não o português. Na TV estava a passar uma novela da tarde na RTP 1. O ar era bem do estilo cafés Chave de Ouro, e as paredes estavam cheias de posters, fotos e camisolas de futebol, uma delas do Benfica assinada pelo Eusébio.












No domingo, em Notting Hill, fui a outra zona um pouco mais pequena onde se localizavam o “Café Porto”, a “Patisserie Lisboa” e o restaurante “Casa Santana”. Este último tinha uns preços excessivos, principalmente olhando para o ambiente dentro do restaurante que era escuro e pouco atractivo. Devo-vos dizer que embora tenha ficado bastante contente de ter encontrado todos estes locais me pareça que nenhum deles tem um ar moderno e trendy. O mais dinâmico parece mesmo ser o das pastelarias (vejam a foto a carrinha de entregas da Pastelaria Lisboa), que estavam cheias de ingleses, mas em geral os nossos compatriotas parecem dirigir o negócio para portugueses e não para todos os londrinos. O representante mais high profile talvez seja a cadeia de restaurantes Nando’s, propriedade de uns portugueses da África do Sul, que ostenta sempre o Galo de Barcelos – estes trabalham bem o Marketing e acho que os outros negócios só tinham a ganhar em melhorar a imagem porque os londrinos são ávidos por estilo e não se importam de gastar carradas de dinheiro tudo o que tenha um ar cool.
Para mais informações de restaurantes portugueses em Londres vejam o website:
(vejam as críticas que é giro de ler os barretes que algumas pessoas apanham...)







Espero escrever mais alguma coisa sobre este tema depois de visitar o núcleo do Sporting. No próximo post volto à carga com as casas inglesas.

Abraços e, como bom lusitano (que não cavalo) emigrante,

Saudade

Portobello Road

Dear chaps,

Este fim de semana estive em mais uma missao de reconhecimento dos "hotspots" da capital inglesa: o mercado de Portobello Road.
Voces ja devem estar a pensar e que para um tipo que nao e grande entusiasta de mercados parece um bocadinho demais passar os ultimos 3 fins de semana no mercado de Greenwich, Camden e agora PR (e ainda por cima nao devo para por aqui!)!! A verdade e que uma das razoes mais fortes e que as gaijas adoram mercados, principalmente naqueles em que podem mexer a vontade nos produtos! Desta vez fui com a Lu e com uma amiga dela que mostrou uma voracidade consumista que raras vezes tenho visto!! Que entusiasmo nas compras, parecia que o Mundo ia acabar naquele dia!!

Eu fui mais numa de conhecer e observar. Para alem do mercado propriamente dito fui tambem dar uma volta por Notting Hill e procurar uma das principais zonas de portugueses que, segundo apurei, se localiza neste "celebre" bairro - mais precisamente na Golborne Road.
E achei piada a Notting Hill, popularizado, como sabem, pelo filme protagonizado pelo Hugo o Grande e pela Julia Roberta. Apesar de la viverem (em algumas ruas) comunidades caraibenhas e de outras proveniencias "em vias de desenvolvimento" a maior parte do bairro (que na verdade pertence ao borough de Kensington & Chelsea) tem um ar muito classe media alta. Boa parte das casas sao bastante grandes, brancas e com aquelas colunas jonicas a entrada que lhes dao um ar distinto e classico. A porta, estacionados, era so ver Jaguares atras de Chryslers atras de Audi TT atras de Porsches. Ai, ai...





Depois fui a procura da rua onde se localizava a loja de livros de viagem do Hugo e (que surpresa!) constatei que ela (ja?) nao existe! A loja, claro, porque a rua esta la e e precisamente a Portobello road. O mercado tem o nome da rua porque a propria rua e o mercado. E ambos tem o seu charme. Caso raro em Londres e o colorido dos predios ao longo de toda a rua. Cada casa tem uma cor, cada porta tem uma cor diferente do resto da casa e, pasme-se, tem tudo um bom gosto obvio! Deve ser do nome da rua, ha qualquer coisa de italiano...







O mercado propriamente dito nao tem comparacao com Camden Lock e nem de perto nem de longe o mesmo tipo de atmosfera. Quase nao se vem "alternativos", nao vi cogumelos a venda :) e apesar de haver muitas lojinhas pequenas a vender coisas tipicas, muitas das lojas foram ocupadas pelos franchises do costume que se vem em todas as high streets inglesas: WHSmith, Tesco, and so on.



Uma das partes mais giras e a da "feira da ladra" (flea market) onde os precos sao bastante baixos, da para regatear e adivinhem que nao queria sair de la nem a forca... De qualquer forma este mercado vale bem apena ser visitado, embora no meu ranking fique abaixo de Camden (mas acima de Greenwich). Segundo ouvi dizer a melhor altura do ano para ca vir e no fim de Agosto que e quando ocorre o Carnaval (?!) mais agitado do Reino Unido (mais um sinal da comunidade caraibenha aqui). E reparem o que fazem ao Che Guevara...

No fim da rua e do mercado fica a Golborne Road onde encontrei quatro estabelecimentos comerciais portugueses de que vos escrevo no proximo post. Dentro de um deles, a "Patisserie Lisboa" encontrei um endereco afixado de grande valor sentimental. O nucleo do SPORTING em Londres!! Assim ja da para me sentir mais em casa por ca! Para alem disso no "Cafe Porto"comi um belo pastel de nata e bebi o inevitavel galao.

Mas o fim da tarde foi passado num "good old fashioned" pub ingles, com uma pint a frente e a falar dos temas mais profundos da existencia humana, tais como, por exemplo, rituais funerarios no sudeste asiatico e como e que o Chelsea perdeu uma oportunidade tao boa de ficar mais uns pontos a frente do Arsenal???

E por Portugal que tal andam as coisas? Li que rebentou uma conduta perto de Sta.Apolonia que engoliu 2 viaturas da policia. Que e que se passa com os subterraneos de Lisboa, ja nao bastava o buraco de Campolide e o tunel do Rossio? Esta tudo podre?? Em Londres tem chovido bastante nos ultimos dias, espero que nao se abram crateras por ca tambem...

Ciao por hoje

quarta-feira, novembro 17

Camden Lock

Dears,

Tal como havia prometido ao SR fui ao mercado de Camden Town (chamado Camden Lock) este domingo. Devo dizer que nao ia com demasiadas expectativas, ja que nao sou especialmente entusiasta de mercados. Mas este realmente surpreendeu-me! E qualquer coisa de especial a atmosfera la dentro e so posso dizer que espero la voltar pelo menos mais uma vez antes do Natal.

Camden town e um borough (uma divisao espacial que acho que deve corresponder a freguesia) que fica no Norte de Londres. Acho que ja nao faz parte do chamado Centro mas fica praticamente colado a ele (bem perto do Zoo e do Regent's Park, o segundo maior a seguir ao Hyde Park, acho eu). Um dos objectivos que me levou a Camden, para alem do mercado, era descobrir se por la vive alguma comunidade mais ou menos numerosa de portugas. Sai do mercado ja era noite e nao deu para passear pelo bairro, mas segundo pude apurar pelo Silvestre (mais um portugues actualmente a residir em Londres) e pela Sofia Parente (que esteve este fim de semana em Londres) o lugar de maior concentracao de portugueses e no extremo oposto da cidade, o Sul (nomeadamente Stockwell, Clapham e Brixton). Isso quer dizer que nao fica muito longe de onde estou a morar, pelo que espero ir la em breve.



Voltando ao mercado, a sensacao que tive quando la entrei e que ja nao estava em Londres nem em outra cidade britanica. O estilo e atmosfera do lugar parecem mais uma cidade tipo Amesterdao ou Copenhaga. Digo isto porque, por um lado, a area do mercado esta rodeada por canais de agua relativamente estreitos mas onde circulam embarcacoes, e tem pontezinhas e outros pormenores com ar "Norte da Europa Continental". Por outro lado o pessoal que por la circula tambem tem um ar bem mais "continental", nao so o pessoal "alternativo" (por varias vezes tive a sensacao de ter visto o amigo do SR, o "caruncho"!) mas tambem os brits que por la passeiam e a enorme quantidade de europeus continentais.





Mais em concreto, o mercado fica dentro do que me parece ter sido uma antiga propriedade industrial, pelo que tem armazens e zonas sob-coberto mas tambem muitas areas ao ar livre. O espaco e enorme, esta todo murado em volta, e nao ha canto onde nao esteja um tipo(a) qualquer a vender alguma coisa. E ha pessoas e produtos de todo o lado, desde asiaticos a africanos, latino-americanos e europeus. Os produtos vao desde artesanato, a roupas, bugigangas, artigos de decoracao, mobiliario, comida,... E ha cada personagem mais original la a vender!... Nao e muito facil descrever o frenesi que por la havia (nao sei se e assim todos os dias, mas no domingo e demais!), sente-se a vibracao! E encontrei por la montes de pessoal portuga, acho que para quem vai a Londres de fim de semana se esta a tornar um must!






Eu desta vez fui so para ver, consegui resistir a vontade de comecar a comprar por impulso (excepcao feita a comida marroquina! - entao os malandros queriam fazer um atentado ao nosso Barrosinho na inauguracao do Euro2004??). Para a proxima vai ser p'ra desgraca!





Por agora despeco-me com um

Ta-ta-aaaa!!

PS: Ah g'anda Sporting!!!!!

sábado, novembro 13

Greenwich, às esquerdas…

Caros,

Belo sítio, a town de Greenwich! Embora ainda pertença à zona sudeste do centro de Londres, já fica a pender um pouco para os arredores. É pequenina, vê-se bem numa tarde e fica juntinho ao Thames (ou Tamisa). Acho que o conceito de town dos ingleses pode corresponder ao nosso de vila, tal como city está para cidade e village para aldeia. Pelo menos é assim que tenho interpretado, se algum de vocês tiver uma ideia mais correcta digam!

Voltando a Greenwich, eu e a Lu fomos lá domingo passado. Deu para perceber que domingo não é um bom dia para viajar de carro pelos arredores de Londres. Um bocadinho de sol e está tudo na rua, a guiar os carros de fim-de-semana (tanto carro desportivo!). Conclusão: levámos duas horas da parte sudoeste à parte sudeste, e nem sequer passámos pelo centro, fomos sempre pela circular externa. Para além disso fui eu a guiar e é sem grande orgulho que digo que quase bati duas vezes. Estes gajos guiam todos ao contrário, haja paciência para brincar com as regras deles! O que mais me trama são as rotundas, malditas! Dá-me sempre vontade de as fazer no sentido contrário aos ponteiros do relógio (anti-clockwise, é como lhe chamam), devo ter alguma coisa contra o andar do tempo…

Mas chegámos, sempre pela esquerda. Uma das coisas que nos fez ter vontade de lá ir foi o mercado. Lemos num guia que é, a par dos mercados de Camden (prometo ir lá em breve Sérgio R., também porque acho que lá se concentra boa parte da comunidade portuguesa que eu quero ir investigar um pouco), de Notting Hill e de Liverpol Street, um dos mais movimentados de Londres. Na verdade era giro mas não muito grande. Bué de pessoal alternativo, a vender as cenas alternativas do costume, mas nada demasiado cativante. Acho que gosto mais de mercados ao ar livre! Este era em recinto fechado.

Os outros pontos principais de interesse de Greenwich, e onde passei o resto da tarde domingueira, são três:
- o navio Cutty Sark (isso mesmo, o do whisky!), que segundo dizem foi à data da sua construção o navio mais rápido dos sete mares, e está agora encostado às boxes em doca seca para turista ver;



- o Museu de História Naval e Marítima (cujo edifício é um dos três únicos de Londres que são Património da Humanidade da UNESCO) dedicado à memória de quando a Grã-Bretanha era o maior potentado marítimo do Mundo. É curiosa a nostalgia do Império que os ingleses ainda têm, o maior em termos territoriais que já existiu na História e “onde o Sol nunca se punha”. Nesse sentimento encontro fortes semelhanças connosco e com a nossa “paixão” pelo período áureo dos Descobrimentos, quando fomos os máióres! É pena é quase ninguém parecer saber disso por aqui. Portuguese??? Is it in European Union?? Oh, Mourinho, Ronaldo, Carvalho!! Acho é que no caso deles a nostalgia do passado é mais profunda, provavelmente porque o Império também era maior… Tinha um professor no Mestrado a quem perguntámos uma vez numa aula “Alunos: Mr. Lionel, what’s the difference between the expressions Britain and Great Britain?”, ao que o Prof. Lionel respondeu: “I’m not really sure but I think the difference is that once we were great!” – acho que espelha bem a mentalidade…Agora escusavam era de apresentar uma mapa do Mundo de 1928 com as colónias representadas, e onde uma delas era Moçambique!!!! Carambas, eu vivi lá uns anitos e da última vez que me lembro falava-se Português! Estive mesmo para lhes fazer uns riscos no mapa! Depois, ao lado, mostram um mapa-mundi com a actual Commonwealth (à qual Moçambique efectivamente pertence) que corresponde exactamente ao mapa de 1928 – deve ter ficado mais barato fazer dois mapas iguais e só mudar o título! Ou talvez apenas para provar o point deles! Mas enfim, o Museu não está mau e a parte dedicada ao Almirante Nelson (que é o nome de um pub muito fixe ao pé de onde vivo e onde outro dia vi um jogo do Chelsea!) e à batalha de Trafalgar (que fica ao pé de S. João da Caparica e está sempre cheia de cacilheiros) está porreira.




- o Observatório Real de Greenwich, que é sem dúvida o ponto mais interessante e que mais me atraiu. O tipo de local faz lembrar o observatório astronómico da Tapada da Ajuda, fica no cimo de uma colina localizada no meio de um parque público e colado à Universidade de Greenwich. O cativante é que é exactamente por lá que passa o meridiano de Greenwich, para os pouco interessados em geo(topo)grafia é o meridiano de longitude zero graus e medida-padrão para o desenho qualquer tipo de mapa. Tem um pequeno museu também e um telescópio. Seguem as fotos abaixo, algumas com efeitos especiais ;)






E mais uma vez, todos os locais a visitar foram à borla. Eu sei que Londres não é uma cidade barata e que há muitos sítios turísticos caros (tipo o cheesy museu de cera da Madame Tussaud), mas a verdade é que há passes diários que dão para todos os transportes, há montes de descontos para museus (tipo pague 10 libras e tenha acesso a 10 museus, para além dos que são grátis) e há as sandes do Greggs! Claro que fala quem tem onde dormir…

E com esta me fico. No regresso a Feltham não fui eu a guiar por isso não houve qualquer problema.

Cenas dos próximos capítulos envolvem os seguintes temas: a procura por emprego e porque é que não é fácil ter ar de Berbere; porque é que raio dá vontade de escrever mais do que o normal quando estamos no estrangeiro; portugueses em Londres; os políticos britânicos e a sua relação com os mercados ao domingo (isto pode interessar ao Paulo Portas!); a TV e os programas sobre redecorar/reconstruir casas (a pedido repetido de Carla L.); “Porque é que os alemães são melhores que nós em tudo!”, dizem os ingleses; FUTEBOL inglês (a pedido insistente de Sérgio B.); BJECAS e GAIJAS (a pedido de uma série de gaijos)!!

Bye-bye

PS: Obrigado pelos comentarios, ate agora a experiencia tem sido muito fixe!! Continuemos...